quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Always and Forever Reloaded

Blog completamente zerado, todos os post antigos devidamente salvos e apagados. Eles ainda fazem sentido para mim, mas não preciso mais expor aqui tudo que eles representavam. Ou representam. Assim sendo, inicio essa nova era com um conto, escrito por mim alguns meses atrás. Não é uma grande obra nem nada, mas é a maneira mais interessante que arranjei para reiniciar esse blog. Sem mais delongas, deixo-lhes na companhia do conto "Uma noite na cidade".

Uma noite na cidade

Era uma noite como todas as outras. Nas calçadas, as pessoas caminham em ritmo acelerado, algumas muito sérias e compenetradas, outras, rindo, quase dançando ao ritmo dos sons da cidade. Amigos se encontram e vão para os seus barzinhos favoritos, exaurir todo o cansaço e o estresse de mais um dia de trabalho. Casais andam felizes e abraçados, como se o mundo fosse somente deles e de ninguém mais.

Na rua, carros seguem seus caminhos em um movimento deveras monótono, demarcado pelos semáforos e suas luzinhas coloridas. Carros grandes, carros pequenos. Carros com famílias inteiras dentro. Carros solitários. Carros dirigidos por menores de idade que estão achando o máximo roubarem o carro do papai. Carros movidos não somente à gasolina, álcool ou diesel, mas movidos por sentimentos. Sejam esses sentimentos os das famílias, das pessoas solitárias ou mesmo dos menores de idade.

No meu apartamento, tudo também está normal. A cozinha está limpa. O banheiro também. Na sala, a bagunça organizada de sempre. Meu quarto que deveria ser meu recanto de repouso está lá, vazio, solitário. Faz três noites que não consigo deitar em minha cama. Estou sozinho no meu lar. Se é que ainda posso chamá-lo assim. As luzes estão todas apagadas e estou sentado na sacada olhando o movimento da cidade. Tentando sentir o seu calor. O seu fervilhar. Pois no meu interior, sinto que estou morto. Fico ouvindo por horas o burburinho das pessoas, vejo sorrisos e tento desesperadamente me sentir parte desse mundo. Mas este não sou mais eu. Aquele que era animado e feliz. A vida me pregou uma peça e ainda não consegui superar o acontecido.

As muitas horas passam e continuo sentado, na mesma posição, olhando para a mesma rua. Pessoas diferentes estão passando por aqui. Os carros também. Como não poderia deixar de ser, o movimento vai diminuindo. As pequenas quadras não estão mais lotadas de carros. A quantidade de pessoas passeando nesse horário é bem diminuta. Mas isso não é estranho. Este horário já não é assim tão seguro. As pessoas de juízo preferem ficar em seus lares, divertindo-se da maneira que podem, mas ainda assim, felizes.

É tarde e estou cansado. Segundos antes de me levantar para tentar me recostar em uma rede que possuo, escuto um grito. Olho na direção de que ele veio. Na calçada, quase na esquina, uma moça, vestida de branco, está sendo atacada por um homem alto e de aspecto muito forte. Ele tenta puxar a bolsa dela, mas a jovem segura-se a ela como se estivesse ali uma parte de sua existência e que sem tão precioso item, ela perderia aquilo que a torna viva. A ironia é que nesse momento de embate, o homem puxa algo de seu bolso. Uma faca. Quando ele levanta sua lâmina acima de sua cabeça, ela brilha e reflete a luz de um poste contra os meus olhos. Depois disso, mais um grito, agora desesperado e de dor. Fico parado, simplesmente sem ação. Metros a minha frente, o corpo da jovem jaz inerte, suas roupas, antes tão alvas, agora apresentam tonalidades escarlates. O homem foge, com a bolsa em mãos, ciente de que cumpriu o que pretendia. Já não há ninguém para tentar socorrer a moça. Ninguém para capturar o assassino. E o corpo da menina fica ali, atirado na esquina, até que apareça alguém para socorrê-la ou no máximo, avisar alguma entidade. Mas ninguém aparece. E ela ainda está lá. Morta.

Como eu disse, esta era uma noite, como todas as outras.

4 comentários:

Willian Guimarães disse...

Bastante interesante
Uma noite como outra qualuqer... pessoas vivendo suas vidas sem se darem conta do tanto que acontece. Dramas, Amores, Relacionamentos, pensamentos perdidos, casos de crimes, vidas que se cruzam

Gostei muito da narração do ataque da mulher. Teve um suspense muito interesante

Mais uma noite, como outra, não é? xD
Até de escrita, imagino


[Pelo nick vc deve saber quem é auhauha]

Lidi disse...

Aaaaeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!
Não preciso nem dizer o quanto fiquei feliz com essa surpresa, né?
Muito bom teu conto, triste, mas real...
Parabéns guri!
Te adoooooro!
Beijão

Fernanda Schena disse...

Atos, atitudes, ações...
Pequenos e grandes gestos..
É o cotidiano, de dia, de noite, mostrando habilidade em nos conduzir do seu jeito, no seu ritmo...em segundos.
E nós assim.. deixando a vida em stand by.

Gostei do texto, professor!
Beijo, beijo..

Fernanda!

Ale Aguirre disse...

Tá, já t pentelhei o bastante, agora vamos lá...
Apesar d naum gostar da realidade, gostei do conto. É o q ele me passa... a violência, cada dia mais presente e corriqueira em nossas vidas, a indiferença, a falta d sensibilidade para c/o próximo. Triste, frustrante, mas a realidade!
Ao teu personagem a vida pregou uma peça, ela tá sempre nos pregando peças... De algumas, a gte naum se recupera nunca.
Bem, como naum podia deixar d ser (TENHO q t enxer mais um pouco), EU, ao contrário do teu insensível e egoísta personagem, huahuahuahau... teria ligado para a emergência.

=***