quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Obsessão

Estava de bobeira agora de madrugada e resolvi escrever alguma coisa, inspirado por três palavras: Amor, loucura e obsessão. O tamanho diminuto da imagem é proposital. Espero que gostem:


Obsessão

Entre o amor e a loucura repousa a obsessão. Esta que vem ao meu encontro toda noite enquanto procuro por um pouco de paz e alento para minha tão cansada alma. Uma fiel companheira que nunca me abandona, nunca dá as costas para mim. Obsessão que me traz teus olhos. Teus tão belos e agora malditos olhos, que me perseguem cada vez que fecho os meus. Teus lábios, teus tão delicados lábios, que procuro esquecer toda noite, mas que voltam a tocar os meus em um delírio febril e apaixonado, só para me fazer perceber o quão próximo da loucura eu estou.

Porém, me agarro a minha fiel companheira e não a deixo partir, torno-a parte do ar que respiro, torno-a parte do que eu sou. Já não é possível distinguir aonde eu começo e aonde a obsessão termina. Amalgamada em meu espírito, a obsessão dá sinais de vida cada vez que vou repousar e ela, incansável e de beleza inigualável, vem fazer sua serenata para embalar meu sono, que nunca chega, pois fico hipnotizado por sua voz, por sua força, por estar tão próxima de mim e me deixando tão longe de todo o resto.

Nascida e criada pelo amor, a obsessão cresceu e se tornou bela, forte e poderosa, exatamente como o amor era antes de se perder pelos caminhos do destino. Perdido e sem direção como um cego, confio tudo que sou e dou minha mão para a obsessão ser minha guia. E por tortuosos caminhos ela me leva.

“Apenas um dia ruim é o que me separa do resto da humanidade”, já disse o palhaço em sua piada mortal, referindo-se a sua própria loucura. Às vezes temo por minha sanidade e me pergunto se já não ultrapassei a tênue linha que separa a obsessão da loucura e não encontro uma resposta satisfatória, creio que nunca a encontrarei se realmente já tiver ultrapassado-a. Se tudo que basta para que se chegue ao patamar da loucura seja apenas um dia, uma nova pergunta toma forma em minha mente perturbada: o que acontece quando uma única pessoa possui em seu calendário uma vasta quantidade de dias ruins? Tenho medo da resposta que posso encontrar e é por isso que abandono tudo e me deito ao lado da obsessão e espero que ela me traga algum alento. Alguma razão ou sentido. Contudo, somente aquela serenata é o que eu ouço e minha já cansada mente adormece ao som de sua suave voz, minha amada, minha obsessão.



4 comentários:

Anônimo disse...

Apesar de ter lido a Piada Mortal não concordo muito com aquela fala..
Acredito que a obsessão parta mais da necessidade e exclusiva atenção a um valor ou um objeto da nossa vida.. A partir do momento que isso caí, precisa-se de uma restruturação compelta do ser para que isso seja reaparado... É meio complexo toda essa questão...
O amor e a obsessão realmente andam juntos. Como um vício bem perigoso. Queremos mais, queremos estar, nutri-se de sua seiva, as vezes pra esquecer algo de nossas proprias vidas.. Como um vício, isso leva a pessoa loucura de fato..
É tenso, instável... e destrutivo..
É complicado, Siko, complicado...

jvk disse...

Dias ruins sempre vem, não importa se você está preparado ou não. O importante é enfrentar todos eles de cabeça erguida.

(e isso vem de uma pessoa que, como tu bem sabes, está numa situação parecida com a tua)

A pergunta mais importante a ser respondida é: quando tudo está desabando, qual é a verdade fundamental em que você se sustenta?

(uma leitura mais aprofundada sobre esse assunto pode ser encontrada em Rurouni Kenshin)

Felipe D'avila disse...

Concordo e descondor, ao mesmo tmepo com o Will. Bem, o amor está em vários niveis, creio que quando amamos de forma tão arrebatadora, podemos estar a um passo da obsessão.

Concordo que é um vício perigoso. Você pode se viciar e aí, em momentos, a loucura tornar conta de si. Penso que qualquer tipo de obsessão está a um passo da loucura, neurose, algo do tipo.

Nesses moemntos, em que sua companhia ao lado, no travesseiro, seja os pensamentos ruins, a insanidade obsseciva por algo, ou alguém, é momento de parar tudo, pensar o que vale e o que não vale, o que deve ou não deve jogar fora.

Fazer uma limpeza em si, espiritual, mental.

Abraço cara. Desejoq ue estejas melhor.

Anônimo disse...

Lindo texto! Nossa, fiquei impressionada...
Mais ainda por ver q compartilho parte desse sentimento. Quer dizer, quase isso... Ai, nem eu me entendo!
Bom, o que importa é que tu caprichou!
Amo tu, guri! Meu amigão mais incomodativo e sem noção!
Hehehehe... Beeeijo