Obsessão
Entre o amor e a loucura repousa a obsessão. Esta que vem ao meu encontro toda noite enquanto procuro por um pouco de paz e alento para minha tão cansada alma. Uma fiel companheira que nunca me abandona, nunca dá as costas para mim. Obsessão que me traz teus olhos. Teus tão belos e agora malditos olhos, que me perseguem cada vez que fecho os meus. Teus lábios, teus tão delicados lábios, que procuro esquecer toda noite, mas que voltam a tocar os meus em um delírio febril e apaixonado, só para me fazer perceber o quão próximo da loucura eu estou.
Porém, me agarro a minha fiel companheira e não a deixo partir, torno-a parte do ar que respiro, torno-a parte do que eu sou. Já não é possível distinguir aonde eu começo e aonde a obsessão termina. Amalgamada em meu espírito, a obsessão dá sinais de vida cada vez que vou repousar e ela, incansável e de beleza inigualável, vem fazer sua serenata para embalar meu sono, que nunca chega, pois fico hipnotizado por sua voz, por sua força, por estar tão próxima de mim e me deixando tão longe de todo o resto.
Nascida e criada pelo amor, a obsessão cresceu e se tornou bela, forte e poderosa, exatamente como o amor era antes de se perder pelos caminhos do destino. Perdido e sem direção como um cego, confio tudo que sou e dou minha mão para a obsessão ser minha guia. E por tortuosos caminhos ela me leva.
“Apenas um dia ruim é o que me separa do resto da humanidade”, já disse o palhaço em sua piada mortal, referindo-se a sua própria loucura. Às vezes temo por minha sanidade e me pergunto se já não ultrapassei a tênue linha que separa a obsessão da loucura e não encontro uma resposta satisfatória, creio que nunca a encontrarei se realmente já tiver ultrapassado-a. Se tudo que basta para que se chegue ao patamar da loucura seja apenas um dia, uma nova pergunta toma forma em minha mente perturbada: o que acontece quando uma única pessoa possui em seu calendário uma vasta quantidade de dias ruins? Tenho medo da resposta que posso encontrar e é por isso que abandono tudo e me deito ao lado da obsessão e espero que ela me traga algum alento. Alguma razão ou sentido. Contudo, somente aquela serenata é o que eu ouço e minha já cansada mente adormece ao som de sua suave voz, minha amada, minha obsessão.
4 comentários:
Apesar de ter lido a Piada Mortal não concordo muito com aquela fala..
Acredito que a obsessão parta mais da necessidade e exclusiva atenção a um valor ou um objeto da nossa vida.. A partir do momento que isso caí, precisa-se de uma restruturação compelta do ser para que isso seja reaparado... É meio complexo toda essa questão...
O amor e a obsessão realmente andam juntos. Como um vício bem perigoso. Queremos mais, queremos estar, nutri-se de sua seiva, as vezes pra esquecer algo de nossas proprias vidas.. Como um vício, isso leva a pessoa loucura de fato..
É tenso, instável... e destrutivo..
É complicado, Siko, complicado...
Dias ruins sempre vem, não importa se você está preparado ou não. O importante é enfrentar todos eles de cabeça erguida.
(e isso vem de uma pessoa que, como tu bem sabes, está numa situação parecida com a tua)
A pergunta mais importante a ser respondida é: quando tudo está desabando, qual é a verdade fundamental em que você se sustenta?
(uma leitura mais aprofundada sobre esse assunto pode ser encontrada em Rurouni Kenshin)
Concordo e descondor, ao mesmo tmepo com o Will. Bem, o amor está em vários niveis, creio que quando amamos de forma tão arrebatadora, podemos estar a um passo da obsessão.
Concordo que é um vício perigoso. Você pode se viciar e aí, em momentos, a loucura tornar conta de si. Penso que qualquer tipo de obsessão está a um passo da loucura, neurose, algo do tipo.
Nesses moemntos, em que sua companhia ao lado, no travesseiro, seja os pensamentos ruins, a insanidade obsseciva por algo, ou alguém, é momento de parar tudo, pensar o que vale e o que não vale, o que deve ou não deve jogar fora.
Fazer uma limpeza em si, espiritual, mental.
Abraço cara. Desejoq ue estejas melhor.
Lindo texto! Nossa, fiquei impressionada...
Mais ainda por ver q compartilho parte desse sentimento. Quer dizer, quase isso... Ai, nem eu me entendo!
Bom, o que importa é que tu caprichou!
Amo tu, guri! Meu amigão mais incomodativo e sem noção!
Hehehehe... Beeeijo
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